Oi gente!
Algumas empresas já me procuraram com intuito de firmar parceria, oferecendo materiais para divulgação sobre a ansiedade acreditando que o blog aborda assuntos sobre a mesma, mas essa não é a temática do blog. Então resolvi prestar alguns esclarecimentos.
Não gosto muito de me expor e falar da minha vida, quem me acompanha já deve ter percebido que dificilmente "dou as caras" por aqui e sempre que me perguntam sobre o nome do blog, eu respondo de maneira superficial, mas hoje decidi abrir meu coração.
Sempre fui uma pessoasuper ansiosa, mas isso nunca me impediu de trabalhar, de passear, de me divertir ou de fazer novas amizades.
Sempre fui uma pessoa
Depois que minha filha nasceu as coisas começaram a mudar e eu nem percebi. Meu instinto de protegê-la era demasiadamente exagerado (fui redundante, eu sei, mas não há maneira melhor de definir esse sentimento). Como toda criança, ela começou ficar doente com frequência (não era nada grave) na maioria das vezes problemas na garganta, febre, mas pra mim, era o fim do mundo, eu simplesmente não conseguia lidar com a situação.
Com o tempo eu me tornei uma pessoa reclusa e depois comecei a ter dificuldades de me relacionar com outras pessoas, passei a evitá-las, me sentia inferior, chorava muito, não queria mais levantar da cama, perdi o interesse por coisas que antes eu adorava fazer, tinha vergonha do estado em que me encontrava, me sentia culpada, sofria com tremores, dores fortes no peito, medos infundados, um peso enorme sobre os ombros, ondas de calor, minha cabeça parece que latejava/queimava o tempo todo, perdi o controle dos meus pensamentos, ficava várias noites sem dormir, perdi cabelo (é gente, fiquei careca, não foi uma grande área, então dava para disfarçar) não conseguia mais tomar pequenas decisões, me concentrar, me alimentar e por fim, acabei emagrecendo 7 kg em apenas 15 dias.
Inicialmente, as pessoas demonstram solidariedade, mas quando veem que a doença não passa, começam a te taxar de louca, de fresca, alegam que isso é "doença de rico" ou começam a te indagar o porquê de tudo isso. Então, para não ter que dar explicações ou ter que fingir (o que era um verdadeiro fardo para mim, pois a minha própria aparência me denunciava), comecei a me isolar, evitar contato, a criar barreiras e me habituar a um mundo exclusivamente meu. Não conseguia conviver nem com os familiares mais próximos, temia ser julgada por algo que eu não conseguia compreender e muito menos controlar.
Aos olhos dos leigos os problemas até poderiam passar despercebidos, mas quando era inevitável sair de casa, por exemplo quando a Júlia ficava doente e eu tinha que levá-la a pediatra, eu não conseguia ficar até o final da consulta, não conseguia conter o meu nervosismo, tinha que chamar meu marido para acompanhá-la e depois que eu deixava o consultório a médica perguntava: "Ela tem algum tipo de problema???"
Mesmo sem querer aceitar, percebi que havia chegado a hora de procurar ajuda profissional.
Não conseguia encontrar médicos na minha cidade, então comecei a frequentar consultórios no estado de SP, tínhamos que viajar, meu marido faltava no trabalho para me levar, as consultas eram caríssimas e as vezes ficávamos o dia todo aguardando para que eu pudesse ser atendida. A Júlia ainda era pequena, isso me fazia sentir ainda pior, pois ficava apreensiva pensando que ele poderia perder o emprego por minha culpa.
Como não conseguia sanar o problema troquei de médico por diversas vezes e passei por inúmeros terapeutas. Geralmente os medicamentos receitados demoram para fazer efeito, e em cada troca de profissional (iludida de esperança), eles falavam mal do médico anterior e consequentemente trocavam meus remédios, e eu, sem sinal algum de melhora.
Depois de mais de um ano e meio de tentativas frustradas, encontrei um médico da rede pública na minha cidade e resolvi tentar a sorte, pois não precisaríamos mais viajar, mas quando você não PAGA (no sentido conotativo, porque eles são pagos com o dinheiro do povo, nosso dinheiro) o tratamento é totalmente diferente, você é taxada de mentirosa, pois esse tipo de profissional prefere encher a boca para dizer que tem 30 anos de carreira/experiência do que aceitar que não acertou UM diagnóstico e tentar ajudar o paciente.
Comecei a tentar preencher meus espaços vazios, tirei minha habilitação (pois diziam que isso me faria bem), a praticar exercícios físicos (para liberar serotonina, rs), fazia meditação, fiquei viciada em maquiagem, gastava todo meu salário por minutos de bem estar, pois acreditava que eu poderia ficar mais bonita, mas tudo era momentâneo. Para mudar os ares, arrumei um novo emprego, não consegui lidar com as pressões, perdi o emprego. Sofri um acidente terrível de carro, minha mãe foi diagnosticada com câncer, a Júlia ficava bem durante uma semana e doente por 15 dias. Por fim, depois de muito refletir, em um momento de desespero, criei o blog.
Atualmente não tomo mais remédios, acabei parando por minha conta e risco. Não nego que foi um impasse, pois mesmo sem resultados, eu tinha medo de não conseguir ficar sem os medicamentos, sofri demais, mas fui forte. Não foi correto da minha parte, mas não consegui um tratamento adequado, e se com o auxílio dos remédios eu não obtive melhoras, não vi sentido em continuar me "intoxicando" com drogas tão fortes.
Ainda passo noites em claro, continuo com grande parte dos sintomas e infelizmente ainda não aprendi como lidar com eles. Apenas tento suportá-los.
O pior de tudo, é que até hoje não tenho um diagnóstico concreto, sei o que sofro de transtornos de ansiedade, fobia, depressão, mas nunca soube exatamente o que eu tenho. Quando pagava pelas consultas, sempre tinha que esperar a próxima (R$) para receber o diagnóstico e quando era "gratuita" eu estava inventando sintomas.
Passei por momentos muito difíceis e se você ou alguém próximo estiver passando por situação parecida, procure ajuda.
Se você tirou alguns minutos do seu tempo e leu até o final, todos os motivos acima me levaram a criar BLOG ANSIEDADE FEMININA...
Se você tirou alguns minutos do seu tempo e leu até o final, todos os motivos acima me levaram a criar BLOG ANSIEDADE FEMININA...
Esse post encerra o ano 2013, quero agradecer a todas(os) que passaram por aqui e deixaram comentários carinhosos ou mesmo só para dar aquela espiadinha. Nos vemos no ano que vem, com a esperança de que tudo será melhor não só para mim, mas para todos nós.
Que 2014 seja um ano abençoado e nos traga muita paz!!!